sábado, 29 de dezembro de 2007

Idem


Multidões,
Pontos ocos de vontades.
Mal vêem, mal sentem:
Frutos de um passado,
Maduros de um presente,
Podres de um futuro incerto.
Multidões,
Que vês tu nelas?
És de um amor inexistente
Calor enregelado.
E eu grito numa dor sufocante
Ausência de pudor em ti
Sou torre observante,
Qual fantasma intermitente;
Sou bússola sem valor
Compasso de uma vida, pendulo hesitante.
Uma pessoa e mais a sua gente:
Encontros, safanões
Desesperos e procuras
Vacinas de tempos,
Curas imperfeitas;
De corações moles, bruscos
Macilentos e viscosos
Multidões de adjectivos que procuram:
Estradas sem fim,
Caminhos imperfeitos,
Ilusões injuriadas.
Quero o sol e lua,
O universo rasurado
Sim, multidões
Entre elas, sem elas
Alegorias fantásticas!
Imperfeitas visões
Receptáculo defeituoso,
Orgão desfeito
Identidade perdida e, assim sou
Homem corrompido pela solidão
Amargura doente
Multidões,
Seres que nada me dizem.
Amores, almas bolorentas
És um ponto,
Nada mais que isso
Sem conteúdo ou concha;
Tu mais uma multidão
O centro do nada
Fria, imutável, resplandecente
És o grito de todos os teus filhos
Mãe de crimes e inocências
És a vida que odeio,
Transparência que abomino
De cinzento profundo,
Saudável colorido.
Boa noite, cidade
Bem vinda ao meu mundo