terça-feira, 29 de julho de 2008

Relógios


Beijem-me com ardor

Que não tenho fôlego.

Só há negro e rasgos de branco;
Devias ouvir quando tudo é preto...

Não é fantasia ou animal
É só o ar que me canta,

As árvores murmuram
Choram o cinzento nocturno

Os peixes repousam:
Fervilham na sua solidão

Estou enternecido
Pelo dormir da noite,
Os suspiros do tão pouco que há

A noite nos meus braços
Não vai querer despertar
Ela é minha,
Apenas para eu admirar

Os lagos de vinho moribundo
Qual gentio gato evita,
Inundam-me o coração
- levito eternamente.

Deitei-me no seu leito
Dormi.

Embalei a noite,
Fugi para longe.

domingo, 20 de julho de 2008

Bright Lights


Parado.

Vejo histórias que se desenrolam
Por janelas intensas,
Repetições de tantas outras
- o metro descolou

O vinho já não basta
Ele próprio acabou
- sustenho o ar

Os encontrões em sucessões
- oscilo na invisibilidade à repugnância
Ninguém me espera.

Foi verde e veio o tinto
Rasca como a minha pele;
As folhas voaram para longe
Eu sou tudo o que ficou.

Acabou o sentido do alcóol
Da vida ou das beatas;
Resta-me o asco
Tão sentido pela minha mãe

Saltei,
E apartir daí foi tudo brilhante

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Sem tinta na voz


Falta tudo...

De tudo,
Praticamente inexistente.

Vazio.

Não há sentido
Selou-se lentamente;
Pouco escorre ou nada sai
Gotas de futilidade

Dói-me a voz, não a alma
Presa no momento
Presa cada vez mais;
O dano físico que me recalca.

Falta o arranjo,
O conserto ausente;
A existência existe
Mas eu, não a sinto

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Menina moça


As saias que rodam

Sem sequer parar
Permanecem rodadas
Excepto para a minha destoar
E moça dança,
Dança sem parar.
Provoca-me o ciúme
Irradia-me a frustração:
As cores de raiva consomem-me.
E ela sorri,
Roda cada vez mais
Deslumbra todos com o seu olhar

Tudo pára - o sossego.
Quebrei a roda
Sai do tempo

terça-feira, 8 de julho de 2008


É morte

Não percebo
Sufocado por entre a enclausura
Um breu mais negro que todos os outros.
Tic-tac, Tic-Tac
As ruelas do tempo
Companheiros calcetados
Íngremes avenidas sem elevação
Quero puder...
Ver mais do que este espectro,
Mas dizem-me que não.
Sinto-me agitadamente inactivo
Inúteis tempos mortos
Escravidão a uma liberdade que nos consome;
Sou fechado...em mim
Estou condenado
Rastejando em terra
Por entre lágrimas
- As minhas ou de outros
E já não são ruas
Mas paredes que me engolem
Como olhos brancos pintados,
De um mal maior que me devora
Esperneio por uma vida que não me compete.
Caio
-Numa queda mais intensa
Não ha fim ou tão pouco começo
Apenas o contínuo momento.
Um golpe
E outro de novo
Um a um os sinto,
Espancado por todos os sentimentos
A verdade tão inimiga
Ou a mentira que oculta,
Até mesmo o ódio que se enfurece
Cada um deles tem o seu juízo.
A morte nesta minha vida
A alma não resiste
Vegetal coma de esperança;
Não há regresso
E a partida foi esquecida.
Suplico;
Mais um homem que o gato mordeu
Pela neve
Sem destino ou abrigo
Candeeiros fundidos
Vergastadas de malícia.

Era so mais uma noite
Inocente e ignorante crespúsculo;
As cores brotam de mim
- E eu sorri