quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Entre Nós


De que havemos falar,
Quando não temos certezas?
Sei de cor as tuas letras
E tu de memória o meu nome
Mas já nada disso basta
Ao termos em mente
Que demos um passo em frente
E assim somos,
Ambos desconhecidos
No nosso mútuo compreendimento
Ao que nada valem os supostos conhecimentos
Tento avaliar essa face visível
Para mais tarde descobrir
A lua invísivel
E assim ficamos
Sem conseguir evoluir
Pois eu penso que alcancei
Todos os tesouros e segredos
Para me fugirem entre os dedos
Perante ti na ilusão
Ou na tua ausência em desilusão
É injusto tal acontecer
Pois eu quero desvendar
Caminhar para o saber
Ler as tuas entrelinhas
Sugar as tuas tonterias
Mas de nada o nada obtemos
E insossos ficamos
Por falta de melhor resposta
Ao que mais ansiamos
Até podemos andar, viajar
Entrar num carro
E ver paisagens até fartar
Que o nosso silêncio permanece
Enquanto a faca não cortar
O que fica quando nada se esclarece
Deixas o que nao deverias deixar
E permites-me imaginar
Se seria diferente
Estas situações superar
És como um íman de mil faces
Envenenando a minha esperança
Atraíndo e afastando
Mas nunca ao teu lado
Definitivamente ficando
Deixas-me confuso
Sem forma de agir
Nem sequer uma ajuda
De como sentir
Podemos talvez desejar
Um dia alcançar
Todas as respostas que procuramos
Mas até lá,
No mesmo ficamos

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Amarras Brancas


Nas vidas que temos
Discutir é o que está a dar
Ora porque não lemos
Ou a vida está a acabar
Mas nestes ciclos sem fim
Onde galinhas de aviário
Encontram-se em secundário
Eu falarei de sóis
Enquanto tu falarás de anzóis
Apesar de não ter sentido
Não percamos o sizo
Assim comecei
E aqui errei
Ao explicar o mesmo
Que já tinhas explicado a mim
Ao mesmo voltamos
Sem que ele tivesse algum fim
Mas como o fim assim será
E para sempre ficará
O mesmo voltará ao mesmo
Porque é o mesmo
Que está para aterrar
E assim o mesmo terá
Pois a si mesmo quis superar
E disto mesmo
No mesmo cairá
Porque daqui saiu
E não fugiu
E em mesma coisa ficamos
Porque nada alcançamos
Tal erro, erro é
Que acaso algum elucidamos
E nisto o mesmo fica
Talvez por birra
Ou mesmo por se apologista
De causas perdidas
Que assim mesmo ficaram
Pois ao abismo destinaram
E em tudo isto
A o mesmo embicaram
Tardando já
O longínquo fim alcançar
O mesmo que anseiam para me calar
Mas aqui mesmo desejo
Que o mesmo todos desejem
Talvez por burrice
Ou com vontade de gralhice
Com enorme afecto
Que de vós mesmo espero
O mesmo que vós esperam de mim
O resumo a todas as partes
Que é apelidado de fim
Mas com o mesmo
Que de certo fartos estão
Delicio-me tanto como no início
Por o mesmo ser a causa
Do vosso hospício

domingo, 12 de agosto de 2007

Retratos


Esta é a história!
Que aqui está para ficar
De dois antigos velhos
Que a voltam ao mundo deram
Voaram em palhinhas
Montados em fuinhas
Nenhum deles sabia o que fazia
Nem tão pouco o que se dizia
Falava-se de loucura
Falava-se de insanidade
E tudo o que eles alegavam
Era pura mentalidade!
Nada disto faz sentido
Mas que pouco importa
Se estamos vivos!
Eram velhos e senis
Solitários loucos que gritam!
De sua companhia solidão
Mais o silêncio de uma multidão
Percorreram o mundo da sua casa
Colecções de uma vida
Foram as rochas encontrar
O fim do mundo e o seu ínicio
Voltas e voltas deram no horizonte!
Na procura do significado de uma vida
Que aí se deixou ficar
Sem que alguém o pudesse alcançar
Se não fossem velhos idosos estes
Estariam presos gritando
Em jaulas sem barras
Pintadas de branco!
Ninguém quer saber
Ninguém houve
A ameaça da pistola de fogo
De um isqueiro velho e sem função
Assim são os nossos velhos
Vão ao farol atirar-se de alturas!
Enquanto cá em baixo estão
Olhando sem perguntas
Tudo isto é loucura e muito mais
Vã a procura de sentido onde não há
Mas existem estes velhos
Tendo tanto de loucura como sanidade
São os mais sábios de qualquer povo
Conscientes da sua verdade
Ninguém acredita neles
É pura insanidade!
De coletes postos e amarrados
Falam de sabedoria difícil de assimilar
Os mais jovens falam com desprezo
Tudo neles é troça e incredibilidade
Que mais tarde irão pagar com insanidade!
É a história de uma vida
E de outras mais:
De anormalidades que são verdades
De mentiras que são sanidades
De loucuras que são normalidades
Esta é a história!
De dois velhos e nada mais
Foram às rochas
Caçar e ser caçados
Para o mar pescar
Os azares de peixes e moluscos seres
Deixando, finalmente, escapar
Triunfante último suspiro
A volta ao mundo acabou
Tal como a insanidade e o martírio!