terça-feira, 13 de maio de 2008

Candelabros de Bolso


Naquele comboio de esperança
Rasguei o coração,
Vagão meio aberto
O acidente que foi notícia.

De ouvidos fechados
Cérebro por explodir,
Sinto-me presa
Vejo-me oca
Cambaleando ferozmente
Como luna-ática baloiçando;
Tactei-o porcaria
Cheiro pudor.
Queria desejar libertar-me
Assegurar um final feliz
Mas tudo é escuro...
Negro de desilusão.
As caixas que me comprimem
Cubículo, acima de cubículo
Descida, sobre descida
Enterrada para os vivos
Morta em suspiros;
Valerá a pena
Ter esperança no que for?
Dia após dia em prisão.

Pianos, contrabaixos e guitarras
Sons de sabedoria
Sons de fim
Sons do amanhã,
A manhã que tarda a vir
Ou que nunca virá.
Um, dois ou três relâmpagos
Chuva na cara que não molha
Cheiros que não chegam;
Eu e tu,
Tu e eu,
Nós os dois e mais um:
Somos tantos
Somos nenhuns,
Almas de muitos
Nas catacumbas de reis.
Pego no meu leve corpo
Levo-me mais além
Suja, comprometida
Por histórias sombrias;
De farrapos esfarrapada
Em espera,
D'um pêndulo que tarda a contar
As últimas certezas
Mais umas quantas tonturas.
Basta de amor
Deixemos para mais tarde
Suposto turpor que te atinge.

Dá-me um final por mim
Empresta-me algum abrigo,
Não cortes a pouca vida que há
Gémea alma inoportuna.
O sadismo em ti tão sádico
Perturba-me os fios já tão desgastados;
Em meu vil, sereno canto
Compromete-te com distância

2 comentários:

Anónimo disse...

estás muito "pierre"...
este deixo para comentar depois pois tenho muito para dizer acerca dele e os meus olhos já não deixam (cansaço, desilusão e uma gripe a bater à porta)...

deixo mil beijinhos

Å®t Øf £övë disse...

Leonor,
Há sempre a esperança... que é aquilo que nunca se pode, nem deve perder.
Bjs.