segunda-feira, 16 de junho de 2008

Cowboys Jazz


Senhor não me obrigue
Tenha algum dó,
Não me martirize!
Faltei aos prometidos
Não cumpri os prazos,
Roubei-lhe o tempo
A caneta e o papel
- Não dei conta de tal!

Piedade!
É assim que lhe chamam.
Acredite que não foi por mal,
A inspiração ainda não chegou
Está só um pouco atrasada;
Eu vou conseguir. Por si,
Acabarei as cartas
E a caneta é tão bela...
Oh!O papel tão caro

Tem que compreender
Foram os violinos do diabo,
Sussurrando ao meu ouvido
Palavra, atrás de palavra
Olhe as folhas!
Todas esborratadas,
Vede, eu acabei
Todas as suas cartas!

Fui em frente com a promessa,
Só uma semana atrasado.
Sim foi a inspiração,
Apanhou o comboio errado!
E o diabo pobre coitado,
Obrigou-me a escrever
Veja lá, acelerado.

Compreenda senhor,
Eu ainda sou o seu escritor;
Não o era para enganar
E o que roubei,
Agora devolvo.
Olhe, olhe!
Todas as suas cartas:
Poemas, contos, folhetos de amor.

Não me tome por louco
Dê-me o pão de hoje!
Estou só um pouco nervoso,
As insónias têm-me acometido.
Tudo por si...
Oh!Não me queime na praça
Deixai os meus papéis!
Leia, leia!
É tudo para si.

A loucura persegue-me
Febril febre do dia,
O coração esvai-se em tinta
Já não sou mais poeta.

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