domingo, 14 de outubro de 2007

Babilónia


O que mais receamos é a página em branco;
Invade-nos o medo ao ser como ela
Meras conchas de nada
E assim olhamos, longamente fixando
Estas inúmeras linhas por preencher
Linhas que mais não são,

Do que profundo horror imaginário
São os nossos fanstasmas e pesadelos,
Os diários de revolução.
Durante os dias que passam
Evitamos o confronto
A batalha inevitável
O herói por morrer e lenda por nascer.
E ainda que, estoicamente nos debatemos
Estas páginas acabam por vencer
Por meses afim que,
As nossas palavras ficam por dizer
As mentiras por se contar
As verdades por se pensar
Em sono profundo o mundo entrará
Qual adormecida beleza,

Por monstros e selvas guardado.
Todo o esforço em vão
Aquelas que foram vontades inabaláveis
Numa folha branca em que ninguém ousa
Mas onde corajosamente tentamos
Como muitos antes de nós
De cidades queimadas,
E multidões torturadas,
Para que finalmente preenchida a folha fosse
E assim o prédio ruíu
A história surgiu
Palavra após outra
Entre suspiros de épocas, maldições de eras
Quais desejos em espera.
E o som destas guerras
Graves contrabaixos gritantes
Sons de um senhor aprisionado,
Que abala o tempo em cada momento
Encantando-me qual mágico sem pena
E aqui eu escrevo,
Escrava da minha mente
Serva destas páginas
Hipnotizada pelo seu vazio
Esse tão parecido com o meu
Tempestades a que fugimos,
Reboliços de dor e paixão
Uma folha em branco,
Que mais não é o branco da sua folha
Essa mesmo que é a minha tradução
E quando dois mais dois são quatro
O meu vazio fica por preencher.
E dia após dia
Sinto o cravar da vida em mim
Qual caneta que escreve
E no medo que me tenho
Escrevo em mim própria
Para ocupar o vazio que sinto
E nesta forma de concluir
Que de mim não sai
Igual repetição de vezes e vezes sem conta
Espero um dia escrever numa folha branca
Tudo o que escreves em ti

2 comentários:

Victor Nogueira disse...

Olá :-)
Nao queres passar pelo Ao Sabor do Olhar e participares no Convívio de Outono? As regras estão lá. Mas podes participar doutro modo/tema qualquer
Abraço
VN

Å®t Øf £övë disse...

Leonor,
Desejo que neste ano de 2008 que se iniciou recentemente possas preencher as tuas páginas em branco, com muito colorido, e muito amor.
Bjs.