terça-feira, 29 de julho de 2008

Relógios


Beijem-me com ardor

Que não tenho fôlego.

Só há negro e rasgos de branco;
Devias ouvir quando tudo é preto...

Não é fantasia ou animal
É só o ar que me canta,

As árvores murmuram
Choram o cinzento nocturno

Os peixes repousam:
Fervilham na sua solidão

Estou enternecido
Pelo dormir da noite,
Os suspiros do tão pouco que há

A noite nos meus braços
Não vai querer despertar
Ela é minha,
Apenas para eu admirar

Os lagos de vinho moribundo
Qual gentio gato evita,
Inundam-me o coração
- levito eternamente.

Deitei-me no seu leito
Dormi.

Embalei a noite,
Fugi para longe.

2 comentários:

Expresso Oriente disse...

Pierre, cada vez mais telegráfico e metafórico. Tanto a dizer nessas frases aparentemente soltas.
Relógios... da minha parte, detesto-os. Fazem-me pensar demais e causam-me insónias através do seu tic-tav constante. Gosto de lhes tirar as pilhas e sentir-me parar o tempo. às xs gostava de parar o tempo.

R disse...

Eu também gostava de embalar a noite, dá uma sensação de pleno.