terça-feira, 19 de junho de 2007

Amantes


Amor à primeira vista, hipnotizante
Alma gémea encontrada
Sentimento sincero, duradouro
Ilusões corporais que toldam a vista
Embriaguez química de um instinto animal
Profundo desejo despedaçado
Casamento atraiçoado
Emoção verdadeira, arruinada
Amor de perdição, divorciado
Confusões de afecto e sentimento
Paixão e desilusão
Cama quente, fogo ausente
Chama de uma noite gelada
Concretos seres e aberrações corpóreas
Somos a carta de amor ardente
Sereias cantantes, hinos de paixão falante
Filhos da abstracção inexistente
Ai de nós meros mortais
Frutos de lanças e guerras
Os Deuses em desacordo
Somos a esperança de que o amor exista
Instinto que desvance
Animais amantes num orvalho distante
Lua Cheia que transforma heróis em monstros
Avassaladora guerra, uivos da noite
Gritos de quem lançou as suas armas
Sete almas perdidas mais o resto da sua gente
Paixão verdadeira multiplicada pelos demais
Fiéis orgias para todos
Monogamia fingida
Culpado quem quebrar a preciosa regra estabelecida
Senhor que estais no céu, santificada seja a vossa multiplicação
Gémeas almas atraiçoadas por animais instintos
Tomai todos e bebei, este é o meu corpo que para todos vós partilho
Leito quente, coração frio
Amor e desejo
Suave pecado permitido
Longos minutos, curtas horas
Prazer de um serviço concluído
Dilemas morais impedidos por emoções fervorosas
Os Jardins de Baco são bem apreciados
Ninfas sedutoras, carne fraca
Somos o que negamos ser
Monstros da Lua Cheia, Lobisomens uivantes
Nocturna noite clarificante
O rumor das flores dançantes
Suave néctar derramado

3 comentários:

Anónimo disse...

Li-os todos: sem pastilha elástica :)

Estás preparada, querida Leonor, para manter a voracidade de um blog? Já não podes descer o nível de produção... e é com prazer que te vejo assim. Estou feliz!

Bj
RA

Expresso Oriente disse...

o RA já disse muito.
Amei este texto, todas as insinuações, tudo o que dizes nas entrelinhas, o cruzar de histórias e a sucessão/continuidade destas, a multiplicidade de emoções... fantástico!

Leonor disse...

Fico contente por agradar a muita gente. A continuação da produção em massa está difícil, o sindicato não ajuda. Não prometo é que os poemas sejam todos assim. Se consideram bons ainda bem mas, de certeza, que devem vir para uns maus.