sábado, 16 de junho de 2007

De olhos fechados


Estou na cama a dormir
Enroladinho em mim próprio
Num eco bem distante, oiço lá do fundo passos
Sinto uma mão a passar na minha cabeça
Estico-me, espreguiço-me, bocejo
Ah, sabe tão bem as suaves carícias
Sou mimado e não me importo
Gosto da minha independência e, ainda assim, atenção de vez em quando
Sabe que nem salmãozito assado
Vamos falar de mim?
Sou fofo e extremamente charmoso
Autêntico Valentino de primórdios antigos
Ligeiramente orgulhoso, humilde e gentelman por excelência
Faço as delícias de senhoras e crianças
Bichinho social amoroso
Contudo, a má língua
Essa tagarelice malvada!
Afirmam que apenas durmo, como e mordo
Fineza como eu jamais faria tal coisa
Apenas de vez em quando, pura brincadeira
Orelhas bicudas, olhos aguçados
Natural curiosidade para tudo e nada
Como todo honrado felino detesto água, coisa absurda banhos!
A minha língua bem que é mais eficaz e preferível
Trato de mim constantemente, asseado e brilhante
Qual pêlo eriçado?!
Bom, isso apenas se apanhar um susto
Continuando a falar de minha gateza
Adoro banhos de sol e luz artificial
Buracos confortáveis são lugares de preferência
Arroz doce e cherne estufado, manjares do céu
Bolas e bolinhas, fios e lãs, roupa e peluches
Iguarias maravilhosas
E, não poderia falta, um conselho de minha importante personalidade
Para atenção acrescida, não esquecer de pisar os coentros do protector
Cá entre nós, não acredito em donos como os demais
A honra da minha presença já é mais que suficiente
Traquinices que derretem corações
Meiguices que não ocupam tempo
Sou um amigo para todas as ocasiões
Felino de guarda de solitárias noites
Sim, sou eu, fiel gato para todas as horas
Não esse gato de botas, coisa desconfortável
Orelhas e olhos curiosos
Pêlo asseado de que modos eriçado
Sou um senhor de bigodes galantes
Vou ficar para ver, enroscadinho a dormir, que a espera é longa
Não gosto de chá, mas leite serve
Vou ficar por aqui, enroscadinho a dormir, que gosto de falar contigo
Pelo menos, a fingir que durmo

6 comentários:

zetrolha disse...

Liga-me,que não tenho saldo...

Expresso Oriente disse...

um hino aos gatos...
...não fazem as minhas delícias, porém.

Leonor disse...

Ahh mas a mim, derretem-me o coração. Pêlo eriçado ou não, fazem as minhas maravilhas.

zetrolha disse...

A do saldo era um indirecta/convite pra um café...Só precisas de saber o meu número e ligar-me tu,porque não tenho saldo.

Anónimo disse...

Menina Leonor,
bonitos poemas sim! Tenta é fazer assim umas coisas mais piqenas, nao sou adepto da leitura, apenas de poesia e de gatos :D

Continuação do bom trabalho,

Leonor disse...

Ora, eu não consigo fazer coisas pequeninas. Além disso está dependente do que sai da caneta.