sexta-feira, 22 de junho de 2007

Amor de perdição


Andava por aí
Sem saber por onde caminhar
Acordava porque era regra
Sem vontades próprias ou desejos
Encontrei-te a ti, a andar por aí
Dia após dia, a mesma programação de rotina
Transparência sem vida
Olhei e tu olhaste, reparei e tu ignoraste
Para ti, só o abismo importava
Aquele em que te encontravas
Preocupei-me, em vão, por ti
Assim ficou escrito, pois tu o disseste
Não queria afogar-me em mágoa
Quis agarrar-me a ti mas não deixaste
Conversas inúteis, passar do tempo dia a dia
Milagre dos céus, que terá acontecido?
Mudaste para mim, o teu olhar aquecido
Subtil mudança de suaves brisas
Ganhei corpo e espírito para ti
O fim da existência de um mero fantasma
Eras a esperança que procurava
Ainda assim, como todas as maravilhas
Existe sempre um mal maior
O meu coração quebrou, parei para ouvir os seus estilhaços
Anjo maldito que há em ti
Não te condeno por sonhos irrealizados
Admiro-te por sinceras palavras
Verdades e coragens pronunciadas em cemitérios silenciosos
Uma promessa para toda a vida
Tornar-me-ia demónio por ti, senão fosses já iluminado
Alusões a tempos dolorosos, mágoas que não foram esquecidas
És o príncipe do passado, rei de areias movediças
Quero terminar esse reino de sofrimento
Elevar-te a um paraíso de felicidade
Utopia impossível, sonho de menina
Alegria de tempos presentes, arrufos de tempos futuros
Andava por aí
À procura do teu jardim
Encontrei-te assim, à procura de uma árvore
Essa que por fim, selaria o pacto para a eternidade
Árvore imortal de tempos infinitos
És o calor do meu coração, chave de um baú sem cadeado
Palavra de algo real
Feitiço de um canção eterna
És o Valete de Copas, eu a Dama de Espadas
Separados por fronteiras, juntos por corações
Pensantes cabeças de igual, espelhos de água um do outro
Um dia desejo, que este sonho que escrevi
Seja a realidade dos meus dias
A moldura, finalmente, preenchida

3 comentários:

Expresso Oriente disse...

eu bem digo... pintas pedaços de outras vidas...
olha, perdida fico eu se tu não escreves. habituei-me a este prazer de te ler.

Leonor disse...

Tem a sua piada, de escrever para pintar. É engraçado. Tenho algum receio de publicar mais. Tenho a noção de que os bons já foram. Agora vem a maré vaza

Expresso Oriente disse...

tens de arriscar. é claro que tens aqui uma grande responsabilidade... espera-se o mesmo nível de qualidade a que nos habituaste.