domingo, 17 de junho de 2007

O Monte Juno


Sou a faca que corta o teu espírito
Emoção perdida
Tenho alma e desejos, ardores por cumprir
A luz do horizonte, corte sombrio
Sou Cerberus, guardião de um fraco destino
Almas despojadas do seu brilho
Heróis do mundo, servos do demónio
O seu sangue é apenas um rio de cadáveres trocidados
Deuses cortantes de espíritos lacerados
O meu dia, ganhei-o ao descobrir qual é a tua luz
Ele assombra-me, sussura-me ao ouvido maravihas danadas
Aqueles que a usam, fantasmas rasgados
Lâminas de ardor e tortura
Tu que criaste a seita, não te importas com as almas maceradas
Escolheste o sofrimento como o caminho da salvação
Não fui eu que o decidi
Sou apenas a julgada de tais pensamentos
Tu és o injusto da tua justiça
Brotas-te o mal das tuas lágrimas para teu bel-prazer
Torturas almas já atormentadas
O teu belo sorriso assusta-me
Com o prazer dos rituais no monte sangrento
Ensinas ilusões de amor e humildade
As promessas de dor e sofrimento
És a cura da visão para os crentes
Tua flagelação vã e brutal
Saudações ao reino dos cânticos malditos
Tormento de massas mundiais, mortes vãs por ti
Sacrificantes ocos da tua religião
És o oposto do teu bem, o mal herético que julgas
Assasinos que saudam violência e horrores
Adoradores de morte e sangue, vampiros de deus
És o mal que condenas
Exército de luz negra, as lâminas em riste!
Tribunal de demónios, banco dos réus
Será que estou errada?
Não! Não pode ser verdade!
Fujo da tua opressão obscura
As sereias que cantam querem devorar-me, frágies Ulisses indefesos
Canções demoníacas, lâminas aguçadas
Boa nova de falsas esperanças
Angústia do meu leito de morte e extrema-unção
És o terno e falso Deus

6 comentários:

Expresso Oriente disse...

Estou a gostar bastante da tua poesia.
Aprecio as várias ligações que vais fazendo.
Excelente crítica à hipocrisia da religião.

P.S.: Nota-se que te saiu de corrida o texto e, por isso, tens várias gralhas. Atenção a isso.
Bom domingo :)

Leonor disse...

Muito obrigada pelo comentario, mas não penso que faço poesia. Deixo correr o que a caneta escreve. Além de que é natural ter gralhas, foi feito durante uma aula de psicologia. Mas vou tentar estar atenta a isso, obrigado pela crítica. Bom domingo igualmente

Expresso Oriente disse...

Como ex-aluna e quase ex-professora vem-me a dúvida: porque nos dispersamos tanto nas aulas? eheheh

Leonor disse...

Ponto um: porque queremos; ponto dois: porque a materia ou os próprios professores nos levem a isso; ponto três: faz parte do crescimento-não ouvir e depois não ser ouvidos

Expresso Oriente disse...

Bem, só tive aulas de psicologia durante um ano e, desculpa-me, achei-as uma nulidade, mas acho que o "divagar", ou dispersar como lhe chamei, não resulta da vontade mas do inconsciente, da facil capacidade de fugir à realidade, sonhar, buscar outros sentidos... como depois fizeste no teu texto-que-não-é-poema.
Quanto ao teu último ponto... pois... não sermos ouvidos... acho que durante toda a vida actuamos nessa dualidade: não ouvir/não sermos ouvidos...

Leonor disse...

Acho a psicologia bastante interessante até. Daí escolher o curso. Talvez essa divagação provenha do inconsciente, mas há mais proprensão para uns que para outros. Fez parte da sociedade esse último ponto enquanto novos não damos ouvidos a ninguém, e enquanto seres adultos queremos que nos deêm ouvidos