sexta-feira, 15 de junho de 2007

Barqueiro do Rio


O que é a morte,para além do meu fim?
Morte física, morte psicológica?
Será o paraíso?
O fim da jornada do conhecimento que é nada saber
Será o paraíso?
Jorros de mel, rios de melaço
Doce vida, triste canção
Sou a concentração da matéria do universo
A morte é o meu fim
Será?
Momento longíquo à minha porta
Que é feito da minha essência?
Já há muito que partiu, muitos dirão
Partiu mesmo?
Sou o ser que sou à procura de significado
Procuro a morte, procuro a vida
Procuro, vasculho, encontro...
O conhecimento obscuro da luz infinita
Barqueiro, barco, moeda
O limbo dos meus sonhos
Inferno do meu coração, paraíso de ilusão
Heróis e lendas de pouco me servem
São fantasmas que se agarram à barca
Confusão desse pastor do rio
Observar, olhar,
Ver com olhos de quem olha
Sou a amante da vida, mulher da morte
Procuro o fim, obtenho divagação
Palavras árduas
Atentai que sois vós que se chocam a si próprios
Vocês e os demais
Com medo da própria morte que causam ao vosso espiríto
Estrela guia do meu ar, Caciopeia fingida
Mentiras, mentirosos
Atentai que sois vós que se chocam a si próprios
Verdade da mentira
Olhai e petrificai... Amén
Religião oca, ensinamentos ensaguentados
Violência da vida, paz da morte
A morte é realmente a morte?
Questões, respostas, interpretações...
Amor ao mar, demónios de naufrágios
És o tronco da arvóre que tudo observa
Não vês?
Abre os olhos e vê
Paraíso obscuro, sangrento
Inferno brilhante, apaziguador
Sou a alma torturada de uma vida sem respostas
O meu cárcere sou eu
Palavras ocas que nada significam
Mentiras, mentirosos
A peste, essa encontra-se no nosso coração
Almas corrompidas por falsas esperanças
Falsas ilusões realistas
O caranguejo tem pinças, tu tens o quê?
A morte e vida, mentiras e mentirosos
O mar contém em si a sua imensidão, em ti que conténs?
Enganaram-nos!
Na verdade, (será essa a verdade?)
As mentiras foste tu que as contaste
Os mentirosos foste tu que os criaste
Canção arruinada, vivacidade mortal
A tinta que manchou o meu vestido, a estrela que morreu
Morreu?
Sou a mulher da morte, a amante da vida
O meu filho é a ilusão de que um dia a minha prece seja atendida

10 comentários:

Expresso Oriente disse...

E quando se morre em vida para se voltar a nascer?...
Belo texto.
Quanto ao que dizes de ti, fizeste-me lembrar "Kafka à beira-mar"

Expresso Oriente disse...

parvoíce... só agora vi no teu perfil que tens o referido livro listado como um dos teus preferidos... obrigada pelas palavras.

Leonor disse...

As palavras são de graça e por isso de nada me custam. Além de que se ficassem na cabeça, ai a enxaqueca.
E algum livro preferido recomendável?

Expresso Oriente disse...

Ora tantos...
Qualquer um de Shakespeare, desde os sonetos ao texto dramático. Mas de momento estou a ler "A catedral do mar", romance histórico de estreia de um autor espanhol e estou a gostar bastante. Depois temos os clássicos: o próprio Kafka, Camus (O Estrangeiro, é muito bom), Crime e Castigo, E.A. Poe (só os contos já são uma delícia)...

Leonor disse...

De qualquer modo vou ter em atenção. Obrigada :)

Expresso Oriente disse...

Para falar de literatura ou trocar opiniões de livros estou sempre cá :)

Anónimo disse...

cristy:
sim vamos...um cha acompanhado de biscoitos!
=)

Leonor disse...

Falar em chás e trocar opiniões literárias, nada sabe melhor. Uma mistura deveras deliciosa. Para acompanhar tal ideia, uma leitura leve será a Valsa Inacabada

Expresso Oriente disse...

eu falo só, ok? dispenso o chá...

Leonor disse...

faço eu as honras e bebo. falar não a problema, calar, isso já é outra coisa