quarta-feira, 20 de junho de 2007
Os Baloiços
O sono já é muito
Suave canção de embalar que me fecha os olhos
Doce infância desejada
Saudade intensa de um alegre tempo
Sou a criança que nunca cresceu
Sou a esperança de um castelo encantado
Adocicado o cheiro de flores frescas
Relembram-me a minha mãe
As tenras carícias do seu colo seguro
Tristezas, pesadelos, noites mal dormidas
Choros infantis de monstros imaginários
Aconchego do meu coração saber que me seguraste
Infância perdida
Sou o tempo gasto a querer crescer
Sou o tempo inútil a querer rejuvenescer
Quando era criança, era alegre
Mas agora, o que sou?
Massa cinzenta abstracta
Obtuso ser complicado
Anseio pela simplecidade de ser
Apanhada, escondida
Estrelas mágicas, ilusões misteriosas
Quem era o homem atrás da minha porta?
Nunca saberei, já cresci, desapareceu
Onde estão as vozes?
Não sei, já cresci, desvaneceram com o tempo
Tento, cada vez mais, em vão, acreditar
Fadas, dragões, sereias, feiticeiros
Jamais vieram procurar-me
Eles que prometeram, que nunca iria crescer
Que sou eu agora?
Cálculo, matéria, relatividade, filosofia
Essência orgânica degradável
Querem que eu envelhaça, lentamente
Consciente da minha própria mortalidade
A tortura eterna
Quero os sonhos que me pertencem, os desejos roubados
A minha infância perdida, oiço-a não muito distante
Mas não é algo mais do que o passado
Momentos esses que se afastam
Estas palavras são o diário do meu envelhecimento
Acréscimos de frases turbulentas
Fui enganada, os meus sonhos apagados, os meus desejos alterados
Quis voar, mas agora quero sobreviver
Não quero ir dormir, não quero iludir-me
A criança que fui desapareceu
Raptaram-me e ninguém me procurou
Sou um capítulo inacabado, mas quero ser a frase inicial
Sou a passageira de uma vida que observo à janela
Vejo crianças a brincar, mas não estou entre elas
Perdi-me e tento encontrar-me, a agonia de não saber onde pertenço
Sei que sou criança, contudo dizem que não
Há muito, que não vejo o homem atrás da porta
Há muito, que não oiço as vozes
Há muito, que cresci
Vim a este mundo para o deixar
Maravilhoso mundo de ilusão
Somente nas lendas referido, poderemos apenas imaginar
O sono já é muito
Por favor, mãe, deixa-me ficar acordada só mais um pouco
Quero ver as estrelas a dançarem
Quero ouvir as árvores a falarem
Quero... Infinitamente sorrir de alegria
Por favor, mãe, só mais esse desejo
E, depois, finalmente cresço
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21 comentários:
Lindo. Cada vez gosto mais de te ler. Trazes magia nas tuas palavras, um doce encanto. Perdoa a comparação mas temos uma coisa em comum na escrita: a tristeza.
Talvez porque a tristeza nos motiva mais para escrever. Os poemas de Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Cesário Verde, são belos mas tristes. Ou talvez o que gosto de escrever, pelas verdades que são, está sempre presente uma tristeza implícita.
concordo plenamente ctg
Ora se o mundo fosse assim, de concordancias?
...era uma chatice. ;p
Não havia surpresa, mas daria menos trabalho de certeza. Ainda assim, é delicioso discutir. Desde que não haja violência
concordo. mas n vou discutir ctg. pelo menos... não ainda. ehehe
ui, hoje também não há possibilidade
Um dia vou-te raptar e dar-te 3 seguidas...
AHAHAHAHA!
Esta do Zé fez-me lembrar a anedota q me contaram ontem... e cujo protagonista devia ser mm assim alguém como ele.
AHAHAHAHAH!
Paro o Zé: Porquê tanto interesse em mim? É uma colecção que fazes?
Para a Expresso Oriente: Qual foi a piada?
É por causa daqueles homens que se vangloriam de dar muitas seguidas quando na verdade mal aguentam dar uma!
Um tipo que chega ao pé dos amigos e diz:
- Ontem à noite dei TRêS!
Senta-se na cadeira e com gestos tenta representar o que fez na noite passada.
Uma. Duas. Três.
(Não deu três... Acabou foi na 3.ª investida... n sei se dá p perceber...)
EHEHEHEH
O nosso "amigo" Zé deve ser assim ahahah
Realmente deve. Não vamos saber porque não quero ver o ze´a exemplificar. prefiro ficar na ignorância. Quem diz que os homens não têm imensa imaginação? Tanto como as mulheres inventam mundos
Todos temos uma imaginação fértil e gostamos de fantasiar. Uns com umas coisas, outros com outras... É a forma de completar (e às fugir) (d)a realidade, nem sempre aprazível. E os humanos são mt como os cães, qd ladram mt, mordem pc = qd falam mt, f... pouco.
Ao contrário dos gatos que mordem muito e f..... muito, tudo ao mesmo tempo.
eheheheh
opah, fartei-me de rir no carro, pelo caminho, a lembrar-me desta dos cães, homens e gatos. eheheh.
bem, vou ver se faço pela vida do meu amigo dos encontros banais da minha vida e mais logo actualizo os comboios com algo ligeiramente picante [publicidade enganosa]
Ve se postas rapido porque estou com curiosidade e quero ler! E a dos caes, homens e gatos tem a sua piada.
oh, estás atrasada! já lá tens coisas novas há muito tempo!
Vamos cá ver, fiquei retida com assuntos importantes. Mas vou já já ver
Cristy:
Apelas ao mais profundo que existe...
desejas da forma mais perofunda que existe...
e sim...depois...
cresces!
perfeito...
"o sono já é muito..."
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